Aníbal Coutinho, coordenador do concurso Uva de Ouro, fez um balanço positivo da prova e denota uma evolução ao longo destes sete anos, tanto do lado do consumidor, como do produtor. Segundo o enólogo, os consumidores já contam “com a presença das medalhas nas garrafas, quando estão no seu processo de seleção de vinho. O facto de uma garrafa ter uma medalha Uva de Ouro é sempre um critério de preferência”. Por outras palavras, o prémio já é então visto quase como um guia de certificação de qualidade, aos olhos do consumidor.
Aos olhos do produtor, o concurso Uva de Ouro é visto como uma garantia de valorização do setor vinícola nacional. Segundo Aníbal Coutinho, o concurso tem tido uma “adesão massiva e uma total dedicação”, uma vez que os produtores reconhecem que “(…) os seus produtos são valorizados num concurso que está reconhecido pelo Instituto da Vinha e do Vinho, que tem como provadores os profissionais mais competentes, em Portugal”.
Entre os vinhos que foram a concurso, os chefes das mesas de prova demonstraram um consenso geral em termos de satisfação. Os vinhos não apresentaram defeito, possuíam qualidade e todos eles representavam uma escolha segura; ou seja, o consumidor, quando se dirigir à maior garrafeira nacional – o Continente – pode estar descansado, porque, mesmo não sabendo qual vinho levar, todos aqueles que estarão à sua disposição são uma escolha acertada, pois em todos a qualidade é garantida.
Esta segurança é uma mais-valia, mas também abre portas para uma maior inovação. Segundo Manuel Moreira, sommelier e wine educator, o concurso Uva de Ouro “confirma que em Portugal se trabalha muito bem a enologia”, contudo, há sempre espaço para melhorar. Segundo o crítico de vinhos, a democratização dos vinhos em termos de preço garante vinhos de confiança, mas estes podiam conter ainda um pouco mais de emoção.
O vinho é um elemento basilar da cultura portuguesa e um ativo económico bastante expressivo, dados os números de exportação do setor vinícola. No entanto, não são os seus resultados económicos que fazem do vinho um elemento tão amado. É exatamente pela história, tradição e cultura que lhe estão associados. Há uma sensação indescritível, quando se bebe um vinho e se pensa que para se chegar àquele aroma, cor e paladar, existiu todo um processo de produção. Todos os vinhos contam uma história e, na opinião de Manuel Moreira, a emoção dessa história pode ainda brilhar mais.
O sommelier acrescentou ainda que existem tipos de vinho que devem ser melhor explorados no mercado português, como: os fortificados, uma vez que “somos um país de referência a nível mundial dos grandes fortificados do mundo”, ou os espumantes, “que estão em crescimento e a ganhar qualidade”. Segundo o sommelier, o tinto é visto como o predominante na escolha do consumidor, mas a oferta de vinhos é tão variada e rica, que pode e deve ser ainda mais explorada. “A experiência do consumo precisa ainda de algum apoio (…) e este concurso tem a responsabilidade de ajudar os consumidores a decidir que vinhos hão de escolher para os momentos mais adequados”.