Em que pensa quando bebe um vinho? Provavelmente deixa-se simplesmente levar pelo sabor e aroma sentidos a cada trago. Ou então, concentra-se no momento que está a viver com amigos em torno de uma garrafa que partilham ao jantar. Pode até dar-se o caso de não pensar em rigorosamente nada. Afinal, um vinho é a desculpa perfeita para despertar os sentidos e limpar a mente de preocupações.
Porém, a verdade é que um vinho não é só um vinho. Entrar numa loja e encontrar uma ampla gama de garrafas é apenas o resultado de um processo longo e demorado. Para permitir que o consumidor encontre aquilo que procura, é necessário que várias pessoas desempenhem o seu trabalho na perfeição.
Das mais conhecidas às mais escondidas, são imensas as profissões ligadas ao vinho que merecem ser conhecidas. Continue a ler e descubra-as.
Não há vinho sem uvas, isso já sabemos. O que pode ser ainda desconhecido para muitos é como é que a fruta se transforma numa bebida tão apreciada. Em grande parte, acontece graças ao contributo do viticultor, o responsável da vinha e da produção da uva. Entre as suas várias tarefas, contam-se a escolha das castas a plantar, os cuidados com as videiras durante o ano e, por fim, a coordenação da vindima. No fundo, nada do que se passa no campo escapa ao viticultor. Os viticultores têm habitualmente formação em engenharia agronómica ou enologia. Não podemos esquecer também a participação de mais agentes na operação da vindima propriamente dita, que pode ser feita de forma manual ou mecânica.
Uma vez colhidas, as uvas vão para a adega, dando-se então início a um processo que depende largamente do enólogo para ser bem-sucedido. É este profissional quem concebe os vinhos e trata da sua produção. Não só aplica as técnicas da enologia nos vinhos que produz, como deixa um cunho pessoal em cada garrafa. Por isso, a sua presença é constante na adega e coordena todas as etapas da produção do vinho: análises, prensagem, fermentação, filtração, envelhecimento e engarrafamento. Estas operações são habitualmente realizadas pelo adegueiro, um dos profissionais essenciais à realização deste processo. A partir daí, o enólogo também pode estar presente, por exemplo, na comercialização dos vinhos.
Antes de o vinho ganhar asas e voar para o mercado, tem de passar por mais uma etapa na adega: o engarrafamento. A importância do engarrafamento do vinho não pode ser descurada. Os enólogos sabem-no muito bem e por isso escolhem cuidadosamente o tipo de rolha de cortiça adequada a cada vinho.
Contudo, para que os enólogos façam esta escolha, é preciso que alguém produza as rolhas e também as garrafas. E é aqui que entra o trabalho de profissionais como os rolheiros e os vidreiros, respetivamente.
Nas garrafas de vinho, o rótulo é essencial para informar o consumidor sobre a origem e as características do que está a beber. Por isso, o papel dos designers é de extrema importância, ainda que a palavra final pertença sempre ao enólogo.
A operação de engarrafamento e rotulagem na adega, embora já muito mecanizado, requer sempre o acompanhamento de vários operadores e analistas de laboratório.
Quando por fim o vinho sai da adega e é comercializado, chega aos restaurantes, onde o consumidor os pode apreciar, ou aos supermercados e garrafeiras, onde podem ser adquiridos para consumo posterior. Todos os dias, os clientes seguram cartas de vinhos e procuram pela bebida que irá acompanhar melhor a sua refeição. Cartas essas que são obra dos escanções.
Também conhecidos por sommeliers, os escanções são especialistas com elevado conhecimento sobre castas, vinhos e harmonizações, sempre de um ponto de vista comercial, dado que a sua função é vender o melhor vinho possível ao consumidor. Para tal, além de criarem as cartas de vinhos, controlam a qualidade e quantidade dos produtos nos estabelecimentos e aconselham o consumidor.
Nas garrafeiras e supermercados, há enólogos que também desempenham um papel importante na prova e seleção do sortido de vinhos e na informação dos mesmos ao consumidor.
Como vê, são precisas várias pessoas para que um vinho chegue às mãos do consumidor, e nem sequer conseguimos abordá-las a todas. Ainda assim, conseguimos dizer que uma só garrafa se faz de muitas mãos e mentes durante meses ou anos de trabalho intensivo. Por isso, da próxima vez que se segurar um copo, pense nas profissões sem as quais o momento que está a viver não aconteceria.