A cultura da vinha e do vinho é considerada uma joia da região de Setúbal, constituindo um importante recurso e produto enoturístico certificado. Qual o impacto desta cultura para a região da Península de Setúbal?
É a principal cultura agrícola e agro-industrial da região, responsável por milhares de empregos e por uma paisagem vinhateira que marca cerca de dez mil hectares, inclusivamente em zonas protegidas de extraordinária beleza como o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário do Sado.
Com várias castas, entre brancas e tintas, as vinhas da Península de Setúbal datam desde 2000 a.C.. Como é que os produtores acompanham a evolução do mercado, conseguindo sempre continuar com o prestígio e qualidade dos seus produtos vinícolas?
Graças ao contínuo investimento na reestruturação das vinhas e à melhoria das condições de vinificação e de armazenagem nas adegas, que têm sido acompanhados por investimentos importantes em marketing e promoção dos vinhos no mercado nacional, mas também no incremento da exportação dos vinhos da região. Pese embora o pouco apoio público dos últimos anos, sobretudo neste quadro comunitário atual em que a região passou a ser considerada estatisticamente “rica” na sequência da sua junção à “grande Lisboa”.
O Moscatel de Setúbal é um vinho licoroso que tem conquistado para a região grandes prémios internacionais. Como deve ser consumido este produto de excelência e qual a melhor harmonização?
Deve ser consumido após refrigeração, a uma temperatura a rondar os 12º, se se tratar dum vinho jovem, e a cerca de 15ª, se for um “clássico” (vinho com mais de 5 anos de estágio). As harmonizações dependem do gosto individual, mas pensando em quem nos visita, sugerimos que experimentem os moscatéis jovens como aperitivos, com frutos secos, que podem ser tostados (ex. amêndoas) ou com doces como a fogaça (não muito doces). Já os moscatéis “clássicos” podem harmonizar bem com sobremesas mais ricas como as tortas ou os amores de azeitão, queijadas de leite e outros doces conventuais, mas, se gostar de contrastes, experimente harmonizar com um queijo de azeitão.
Grande parte dos produtos vinícolas da região de Setúbal são certificados. Qual a importância da certificação no mercado vinícola? E o que a certificação garante ao consumidor final?
A certificação é uma garantia de origem e simultaneamente uma garantia de controlo analítico e sensorial dos vinhos, previamente à sua comercialização. É um fator de garantia duma concorrência leal entre produtores e de valor acrescentado para produtores e consumidores, garantindo ao consumidor final tratar-se dum vinho da nossa região, produzido com as castas indicadas na rotulagem (se essa for a opção do produtor), e que foi considerado conforme por um laboratório analítico e sensorial, respeitando as mais exigentes normas internacionais.